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Calendário Sacro Profano

DEZEMBRO

Planta enxertos de maceira

E pereira ao crescente

O minguante é excelente

para cortes de madeira.

De decem, dez, por ser o décimo mês do Calendário de Rómulo. Os latinos festejavam as Saturnálias.

Anexins

 

Dezembro com Junho ao desafio, traz Janeiro frio

Dezembro quer lenha no lar e pichel a andar

Em Dezembro, a uma lebre galgos cento

Em Dezembro descansa, em Janeiro trabalha

Em Dezembro descansa, mas não durma

Em Dezembro lenha e dorme; Se os pepinos dessem em Dezembro ninguém os comeria

Em Dezembro treme o frio em cada membro

O Dezembro tirará e não dá (Ponte da Barca).

1 Kalendae Decembres / Tempo de Advento / S. Cassiano

 

O Tempo de Advento assinala o início do ano eclesiástico (cujo término cai no sábado após o 24º domingo depois do Pentecostes), correspondendo ao período de preparação para a Natividade de Jesus. Abrange os quatro domingos imediatamente anteriores ao Natal, podendo o primeiro desses domingos cair entre 27 de Novembro e 3 de Dezembro, inclusivamente, e o derradeiro até 24 de Dezembro. Na liturgia do Advento não é permitido o toque de órgão. Outrora, o jejum e a penitência começavam no São Martinho, sendo obrigatórios durante todo o Tempo de Advento, o qual era por esse motivo designado Quaresma de São Martinho.

 

Anexins

Tudo vem em seu tempo e os nabos [ou a arraia], pelo Advento; No Advento a lebre no sarmento.

 

2 a. d. IV Nonas Decembres / Sta. Bebiana

 

3 a. d. III Nonas Decembres / Sofonias, profeta / S. Francisco Xavier

 

4 pridie Nonas Decembres / Sta. Bárbara

 

5 Nonae Decembres / Santos Frutuoso, Martinho de Dume e Geraldo

 

6 a. d. VIII Idus Decembres / S. Nicolau

 

Anexim

Por S. Nicolau neve no chão, o Natal ao soalhar e a Páscoa ao luar.

 

7 a. d. VII Idus Decembres / Sto. Ambrósio

 

8 a. d. VI Idus Decembres / Imaculada Conceição de Maria, Padroeira de Portugal

 

Anexim

Pela Conceição de galinholas um quarteirão.

 

9 a. d. V Idus Decembres / Sta. Leocádia

 

10 a. d. IV Idus Decembres / Sta. Eulália (ver 12 Fevereiro) / N. Sra. do Loreto

 

11 a. d. III Idus Decembres / S. Dâmaso

 

12 pridie Nonas Decembres / N. Sra. de Guadalupe / Sta. Joana Francisca de Chantal

 

13 Idus Decembres / Sta. Luzia

 

Festival romano em louvor de Tellus, deusa da terra.

 

Anexins

De Santa Luzia ao Natal cresce um palmo o dia; Dia de Santa Luzia mingua a noite e cresce o dia.

 

14 a. d. XIX Kalendas Ianuarias / Sto. Ângelo

 

15 a. d. XVIII Kalendas Ianuarias / S. Valeriano

 

Festival romano dedicado a Consualia.

 

16 a. d. XVII Kalendas Ianuarias / Beata Maria dos Anjos

 

17 a. d. XVI Kalendas Ianuarias / Sta. Olímpia

 

Saturnálias (de 17 a 23) = banquetes solenes, em honra de Saturno, durante os quais havia troca de presentes.

 

18 a. d. XV Kalendas Ianuarias / Judas Macabeu / Expectação de N. Sra

 

19 a. d. XIV Kalendas Ianuarias / Tobias (filho de Tobit) / S. Fausto

 

Festival romano em honra de Opalia.

 

20 a. d. XIII Kalendas Ianuarias / Ester / S. Teófilo de Alexandria e Companheiros

 

21 a. d. XII Kalendas Ianuarias / Isaac e Jacob, patriarcas / S. Tomé / S. Pedro Canísio

 

Solstício Inverno = do latim hiems, hiemis onde transparece a raiz

 

Anexins

No dia de S. Tomé, pega o porco pelo pé, se ele disser que é, que é, diz-lhe que tempo é, se ele disser que tal, que tal, guarda-o para o Natal; No dia de S. Tomé quem não tem porco mata a mulher; Por S. Tomé todo o tempo noite é; Entre menino e Tomé, três dias é; Nem no Inverno sem capa, nem no Verão sem cabaça; Nem no Inverno sem capa, nem no Verão sem cabeça; Quem não tem calças no Inverno não fies nele teu dinheiro; Dia de S. Tomé se não tiveres porco apanha a mulher pelo pé; 4 Dias após S. Lázaro e 4 antes do Natal

 

22 a. d. XI Kalendas Ianuarias / S. Demétrio

 

23 a. d. X Kalendas Ianuarias / Sto. Ivo

 

24 a. d. IX Kalendas Ianuarias / Vigília do Natal / S. Delfim

 

Juvenalia = festas alegres dos rapazes. Início do tempo da Epifânia que decorre até 14 de Janeiro (oitava da Epifânia).

Na noite de Natal o Sol encontra-se no signo de Capricórnio. Porém, à meia-noite é o signo oposto, Caranguejo, que culmina no firmamento, acompanhado pelos signos do Leão e da Virgem. Em Virgem brilha a constelação de Boieiro (O boi do presépio). No signo do Leão (Judá) festeja a Igreja as festas de Joaquim e de Ana, progenitores da Virgem. José, pai de Jesus provém da tribo Judá. Quanto ao asno ele encontra-se na constelação dos Burros

(PHATNÈ=grego, presépio) em Caranguejo, cujo regente é a Lua. A Virgem encontra-se sobre o crescente lunar, coroada por um diadema, constituído por doze estrelas (doze signos).

Na Ericeira, na noite de 24 para 25, na Igreja Paroquial rezava-se a Missa do galo, à meia-noite onde acorriam muitos saloios das redondezas, enchendo as tabernas durante a noite, comendo figos, castanhas piladas e bebendo aguardente e abafado.

Em Aveiro, os doze antigos mordomos da Confraria do Santíssimo entregavam os ramos aos novos mordomos eleitos, cerimónia que se prolongava pelo dia de Natal e consistia na saída dos 12 ramos (os Apóstolos) em procissão, bênçãos e orações, seguidas de um repasto, tudo acompanhado com muitos foguetes e música.

 

Bibliografia

SOUSA, Amadeu, Entregas de ramos, in Boletim Municipal de Aveiro, n. 8 (1986), p. 52-53

 

25 a. d. VIII Kalendas Ianuarias / Natal

 

Nascimento de Mitra. Dia dedicado pelos latinos ao Sol Invictus. A libertas decembris a que se refere Horácio, foi, desde setecentos, invocada por du Tillot para associar o Natal às Saturnais dos latinos.

Dies Natalis Invicti : Nem sempre o nascimento de Jesus foi celebrado na mesma data. Para evitar contendas prejudiciais ao culto, o Papa Júlio I decidiu estabelecê-lo no dia 25 de Dezembro, dia em que os romanos celebravam a festa do Sol Novo por se julgar nesse tempo, que desse dia em diante, os dias começavam a crescer. Os dias opostos a 25, 26 e 27 de Dezembro (Capricórnio), são enquadrados pelas festas de São João Baptista (24 de Junho) e São Pedro e São Paulo (29 de Junho). São Pedro opõe-se a Cristo e situa-se em oposição ao Natal (invertido). Natal em Santo Estêvão das Galés: O Dia de Natal é consagrado à tradicional Festa dos Merendeiros. Neste dia, os sinos da Igreja Matriz tocam pelas mãos do Sacristão. Existe uma lenda relacionada com a construção da Igreja e com a Festa dos Merendeiros. Consta que, quando se pretendeu construir o templo em honra de Santo Estêvão, no vale entre o sítio das Cruzinhas e o lugar de Monfirre, a imagem que colocavam no sitio escolhido desaparecia, sendo encontrada no dia imediato no local onde actualmente se ergue a Igreja. Tantas vezes este facto se repetiu, que o povo desesperado, chegou a correr o Santo à pedrada, acabando, no entanto, por construir a Igreja no lugar por ele "escolhido". Diz-se que o Santo, transformou as pedras em pães, oferecendo-os aos seus apedrejadores, circunstância que terá originado a Festa dos Merendeiros (Raúl Agostinho de Almeida, Natal na Freguesia de Santo Estevão das Galés, Mafra, in. Bol. de Prov. da Junta da Estremadura, s. 2, n. 22, Set-Dez. 1949, p. 385-387).É geralmente admitido pelos historiadores das religiões que a origem do Pai-Natal radica no Abbé de Liesse, no Abbas Stultorum, no Abbé de Malgouverné, ou no Lord of Misrule, todos Reis do Natal por um tempo determinado, herdeiros dos reis das Saturnais latinas. Estas eram a festa das larvae, i. e., dos mortos pela violência, ou abandonados sem sepultura. O velho Noel, benfeitor das crianças, que as ressuscita e cumula de presentes, paredro do jukebok, demónio cornudo escandinavo, e de São Nicolau, encarnam, simetricamente o Saturno, devorador de crianças.

Diz o povo que a noite da consoada é o tempo em que as famílias se reúnem, todavia também os antepassados defuntos partilham dessa refeição. Em algumas localidades de Barcelos diz-se mesmo que “esta é a noite em que deitavam-se as almas”. Tem idêntico sentido o costume de não levantar a mesa da consoada, na Sertã, porque se crê que, após os vivos, vão os mortos participar no festim. Martins Sarmento cita o costume minhoto de se colocar um prato com comida fora de porta, na noite de Natal, para o mesmo efeito. Pelo mesmo motivo se deixava uma candeia acesa toda a noite, “para alumiar as almas”. Em Vila Real, crê-se que se devem ouvir três missas de Natal, dizendo, quando aparece algum espírito: “Valham-me as três missas!”. Em Minde e Oleiros, a missa do dia 25, de manhã cedo, é chamada Missa da Galinha, por oposição à celebrada na vigília de 24. Em Odeceixe e Aljezur, as pessoas que jejuavam, na volta da Missa do Galo preparavam uma fregenada (chouriça, lombo de porco e ovos, fritos).

 

Anexins

Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar (ou há-de vir pelo Natal); Caindo o Natal à segunda-feira tem o lavrador de alugar a eira; Depois que o menino nasceu tudo cresceu; De Santa Luzia ao Natal cresce um palmo o dia; Festa do Natal no lar, da Páscoa na praça e do Espírito Santo no campo; Mal vai a Portugal, se não há três cheias antes do Natal; Natal à sexta-feira, por onde puderes semeia, em domingo vende bois e compra trigo; O Natal ao soalhar e a Páscoa ao luar; Natal ao sol, Páscoa ao fogo, fazem o ano formoso; No dia de Natal têm os dias mais um salto de pardal; Pelo Natal ao jogo, pela Páscoa ao fogo; Pelo Natal, bico de pardal; Pelo Natal sachar o faval; Pelo Natal se houver luar, senta-te ao lar; se houver escuro, semeia outeiros e tudo; Pelo Natal semeia o teu alhal e se o quiseres cabeçudo, semeia-o pelo Entrudo; Pelo Natal, sol, pela Páscoa, carvão; Pelo Natal tenha o alho ponta de pardal; Quem quer bom alhal, semeá-lo pelo Natal; Quem varejar antes do Natal, deixa azeite no olival; Se queres a desgraça de Portugal dá-lhe três cheias antes do Natal; No dia de Natal crescem os dias um passinho de pardal.

 

26 a. d. VII Kalendas Ianuarias / Santo Estevão, primeiro mártir

 

27 a. d. VI Kalendas Ianuarias / S. João Evangelista

 

28 a. d. V Kalendas Ianuarias / Abel (filho de Adão e Eva) / Santos Inocentes

 

Anexim

Cabaças do meirinho: sardinhas, figos, nozes e vinho.

 

29 a. d. IV Kalendas Ianuarias / David, rei de Israel e de Judá / S. Tomás de Cantuária

 

30 a. d. III Kalendas Ianuarias / Sto. Anísio / Trasladação de S. Tiago

 

31 pridie Kalendas Ianuarias / S. Silvestre

 

Ano bom: A véspera do primeiro de Janeiro. Para ter felicidade todo o ano: Ao dar da meia noite de 31 de Dezembro, comem-se doze bagos de uvas pretas (à falta destas, embora menos virtuosas, servem as brancas), um bago a cada badalada. O costume de comer doze bagos de uva ou passas ao compasso de cada uma das badaladas da meia-noite, na expectativa de que o ano nascente decorra abundante, feliz e propício, parece ter sido importado de Espanha.

Reza-se a seguir um padre-nosso e pedem-se três coisas em que tenhamos empenho, e os pedidos serão satisfeitos. (Crucho Dias, Etnografia Marcoense, in O Marcoense, 23 Jul. 1938). Modernamente, usa-se em Lisboa. De 31 de Dezembro para 1 de Janeiro, colocam-se sobre uma mesa doze cascos (escamas) de cebola com a concavidade voltada para cima e dentro de cada um deles deita-se uma pitada de sal da cozinha. Cada casco representa um mês. Os cascos onde no dia seguinte o sal se liquefez, representam os meses de chuva do ano. Os outros representam os meses secos. (A. Lima Carneiro, Previsões do Tempo, in. Douro Litoral, s. 2, v. 1, 1944, p. 55-56).

Em Medelim, é costume deitar os moios, prática que consiste em lançar farinha sobre as portas, para que haja muitos moios de pão no ano que se inicia. Já os alfacinhas tinham o hábito de descer à rua antes da meia-noite, com todo o dinheiro possível, e entrar em casa nos primeiros minutos do dia 1 de Janeiro, com a finalidade de “subir a fortuna”.

 

Anexins

Quem vai ao S. Silvestre vai num ano e vem no outro e não se despe; Dia de S. Silvestre, o bacalhau é peste; Dia de S. Silvestre nem no alho nem na reste; Dia de S. Silvestre, quem tem carne que lhe preste.

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