Palestra: Apocalipse, ou Apocalipses?

Palestra: Apocalipse, ou Apocalipses? com Manuel J. Gandra

29 Julho (Dom), 15h – Entrada Livre

A literatura escatológica e apocalíptica hebraica conta com mais de uma dúzia de exemplos, apesar de só o Livro de Daniel ter chegado a ser considerado canónico pela Igreja romana.

O único texto do género aceite no Novo Testamento foi o Apocalipse ou Livro da Revelação, atribuído sob reserva ao evangelista João durante o seu exílio em Patmos, no tempo de Domiciano (81-96 d. C.), justamente considerado uma espécie de contraponto a Daniel. Aí são relatados de forma enigmática os acontecimentos concernentes ao fim do mundo e ao advento de outro (Jerusalém Celeste), sob um novo céu ou ordem cósmica distinta.

O carácter visionário e misterioso do Livro da Revelação favoreceu o florescimento de uma tradição iconográfica multifacetada, cuja origem é possível rastrear já na arte paleocristã.

Do mesmo modo é susceptível de ser detalhadamente cartografada a disputa entre preteristas e futuristas a respeito da âmbito histórico visado pelo Apocalipse.

A iconografia do também chamado Livro místico dos Anjos havia de reflectir na Península Ibérica, como fora dela, as opções dos exegetas face à ordem prescrita nos textos sagrados, não obstante a Bula Supernae majestatis de Leão X (1513-1521), a qual inibiria, doravante, os pregadores de se reportarem ao advento do Anticristo ou ao Juízo Final.

Em Portugal, porém, a mensagem do Evangelho Eterno joaquimita e a dela derivada devoção do Império do Divino Espírito Santo que, disse-o Jaime Cortesão, explica boa parte da História de Portugal, de resto, prolongada na esperança Quinto Imperial e Sebástica, ainda activas na actualidade, tornariam perene e, mesmo que sem consciência efectiva disso, implícita na cultura nacional a escatologia do Apocalipse.

Fica o convite para uma deambulação pelo tema, a propósito da apresentação do novo livro da série Profética Lusíada, dedicado ao Apocalipse.

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